De volta para casa: o mundo através de uma janela


A cada minuto que passava, a ansiedade pelo mundo aumentava. O trabalho monótono tomava longas horas do dia, isso sem contar a distância de casa. Nada naquele mundo parecia fazer sentido, nem mesmo aquele lugar.

Os olhos não enxergavam a velha sala, os velhos documentos, as velhas manias e segredos perpetrados ali. Parecia haver um magnetismo estranho naquele lugar, embora eu não conseguisse sentir ou encontrar alguma pista que revelasse sua apreensão em estar ali. A sala gelada e silenciosa era sufocante.

Finalmente a hora de ir embora chegou. Como era delicioso ouvir os sons da cidade, sentir a vida renascer das cinzas. Até mesmo encarar um ônibus lotado era divertido diante da sensação de estar indo para casa.

É engraçado como as pessoas pensam na vida dentro de um ônibus. Acredito que isso ocorre porque as paisagens se tornam efêmeras, confusas, sem um sentido completo. Ou também pelo fato de gastarmos tanto tempo nos ocupando com os outros que esquecemos nós mesmos. Os momentos que parecem mais estúpidos são os mais significativos. As pessoas não veem o tempo passar...

A cada avanço tecnológico para poupar tempo perdemos mais tempo ainda tentando ganhar algo que deveria ser administrado, não poupado. Não adianta pouparmos tempo se o mundo exige mais produtividade, mais trabalho – e consequentemente, menos tempo para viver. Não é o mesmo que sobreviver, que é simplesmente a arte de comer, se defender do predador e atacar a presa. Viver é procurar a felicidade com as pessoas que mais amamos, sem formalismo ou moralismo, sem fingimento.

Para perceber isso, foi necessário sair do ninho, encarar o mundo como ele realmente é. A cada dia, uma nova briga de titãs, procurando uma forma menos tempestuosa de seguir vivendo. Todos andando sozinhos pela longa estrada vazia, cansados demais para tentar outro rumo.

Enquanto isso, escrevo nas linhas do meu velho diário, procurando compreender o que ainda não conheço.

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