A febre dos sonhos

Era só uma questão de tempo. Observava aquela mesma cena há vários meses, e imaginava que um dia eu pudesse ser protagonista dela. Escondida atrás de uma coluna, tinha a visão de um casal caminhando pelo parque. Não era um simples casal: existia um cuidado e delicadeza ao andar, a calma e o carinho de quem sabia o que o outro queria apenas com a troca de olhares. Acho que é o amor, simplesmente. Todos os dias, no mesmo horário, os dois realizavam sua caminhada. Depois de um certo tempo, tentei descobrir quem eram aqueles símbolos para os meus desejos e resolvi segui-los para perguntar qual era o segredo para tão doce relação. Andei por vários quarteirões até que me encontrei novamente no ponto inicial de minha expedição, e o casal havia desaparecido, sem que ao menos eu pudesse ver seus rostos. Foi então que desvendei aquele mistério, que parecia tão óbvio: o casal era a imagem que eu sempre idealizei. Não havia carne nem rosto porque era meu delírio insano, um sonho a realizar e nunca um objetivo a alcançar. Levantei os olhos para as estrelas e lhes pedi uma noite iluminada e menos confusa, para poder então cair em um sono profundo.

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